Esses dois...
Meu amor pelo Libriano – parte I
Final de mês, academia cheia, aplicativos lotados, umas cinco pessoas muito interessadas em mim e obviamente, o ápice da autoestima. Não havia muito que me distanciei do meu antigo eu, simplesmente porque achei que era hora de mudar.
Conheci o Libriano em um aplicativo por conta de um erro de direção – direita para gosto e esquerda para não gosto –, eu ia descartar, eu realmente ia. Acabei me surpreendo quando aparece a mensagem: “Vocês combinam” – Oi? Como assim a gente combina? – Me dei conta que tinha cometido um erro, mas deixei de lado e mandei um “Oi”. No meio da madrugada ele me respondeu dizendo que ia desinstalar o aplicativo e que eu deveria adicioná-lo no WhatsApp se quisesse conhece-lo mais. Isso foi o agravante para a intrigante descrição do perfil “Me conte coisas” dele. Parecia que não conseguiria conquista-lo fácil e que era um tipo de pessoa mais complexo. Pensei duas vezes antes de chama-lo pois não tinha gostado nada da foto de perfil dele, até que passei para a segunda foto e achei um encanto. Gostei da dificuldade, gostei do desafio, gostei da conquista, eu gostava de traçar metas e escalar o mundo até consegui-las, como todo Capricorniano. Minha próxima meta seria: Ele.
Nossos diálogos começaram como complexas conversas filosóficas debatendo sobre a necessidade ou não de tornar-se frio. Decidi: Era ele.
Quando me contou que era Libriano eu desanimei, logo lembrei de uma amiga que tive nos tempos do Ensino Fundamental e de outras situações que por algum motivo, algum insano motivo: Eu despertava uma coisa que os Librianos geralmente escondiam: A verdade, a capacidade de não usar tanto a sua diplomacia natural, a capacidade de fazerem uma escolha entre todas as que não conseguiriam fazer: A escolha de serem eles mesmos.
A parte de ser Capricorniano
Ele demonstrou a mesma frustração quando o informei que era Capricorniano, claramente não tinha boa impressão do signo, nem ele nem metade do mundo. O que ocorre é que nenhum Capricorniano é Capricorniano que nem eu, isso as vezes me frustra. Fazendo uma ponte para falar do meu signo: Ser Capricorniano é uma das melhores coisas, mas assim como muitas coisas na vida: “Podemos ter as mesmas armas e as mesmas chances, nem todos vão vencer a guerra”. Acabei entendendo os motivos para se odiá-los desde cedo. Na verdade, os capricornianos vão se frustrando e bifurcando nos pontos da vida pelo que consideram como a máxima dos Capricornianos: “Os fins justificam os meios”, mas Maquiavel era Geminiano. Se tornam muitas vezes falsos, mentirosos, desleais, egoístas, com falsos valores conservadores e muito, muito hipócritas e orgulhosos. Capricornianos só são um “Signo de Elite” se souberem combinar a personalidade individual e a do signo. Aprendi isso cedo, bem cedo... Descobri que faço o clássico Capricorniano, ambicioso, disciplinado, prático, prudente, paciente e até cauteloso quando preciso. Os defeitos obviamente são teimosia, pessimismo – realismo –, controladorismo, entre outros comuns. Ser Capricorniano e manter-se na linha das metas a serem conquistadas é bem difícil, o que leva as pessoas a saírem da personalidade natural e partirem para o modo comum com que as pessoas frustradas agem, independente do signo. Ao contrário do que dizem, eu não estou fora dos padrões do signo, eu estou dentro, mas pelo jeito só tem eu aqui – risos.
Meu amor pelo Libriano – parte II
Os dias seguintes não foram mais fáceis, conhece-lo custou quase toda minha autoestima, cheguei a muito picos de chateação, porque minha autoestima se mantinha na mesma linha onde residia meu escudo, sem um não havia outro, era sofrimento inevitável. Na tentativa de não sofrer, comecei a fazer cálculos e analises da personalidade dele, achei a brecha que precisava. Eu precisava libertá-lo, exteriorizar a verdade dele comigo, faze-lo deixar as coisas claras. Percebi a partir disso que ele tinha muito a me falar e que faria isso gradualmente, respeitei. Na verdade, eu me senti feliz, conseguir que ele anulasse a diplomacia para ser verdadeiro comigo era uma vitória e tanto.
Fomos devagar, dando espaço, paciência, as coisas foram se aprofundando na medida que ele se sentia seguro para se abrir, fui vendo a desconstrução de um ideal perfeito que eu tinha criado para ver a construção de um relacionamento sólido, blindado e protegido pela cumplicidade que estávamos criando um com o outro.
As primeiras transas, os primeiros beijos, a sincronia dos abraços, dos toques. As coisas fluíram entre nós em bom ritmo. Ele me fez engolir um mundo onde muito é possível como um remédio amargo que eu me recusava a aceitar, quando resolvi ver que gosto realmente tinha, era bom, eu gostei.
O tempo nos adapta um ao outro, ele me incomoda, é chato e indeciso – e muito –, mas é verdadeiro, é livre. A adaptação um ao outro não é a coisa mais fácil da relação, somos divergentes, diferentes e temos tantas manias como pessoas de vários anos à frente, usamos pouca diplomacia no relacionamento, resolvemos tudo conversando e expondo as ideias reais sem maquiagem. O sexo é ótimo, nós somos ótimos juntos, as saídas, as noites, os dias, é tudo muito divertido, conquistamos muita coisa um com o outro, coisas que espero encontrar no terceiro se surgir, mas já me sinto com sorte por ter alguém a quem possa ser eu mesmo e ser amado por isso, acho que é algo reciproco.
Ele acredita que criou um monstro, ele me fez aprender a conviver e tirar vantagem de fatores extremamente negativos do mundo, me fez abrir as portas da mente, me fez me importar com estética e com inteligência de maneira igualitária, me fez perceber que sabendo os nossos defeitos conquistamos um ao outro, qualquer casal se adapta as qualidades, aqueles que se adaptam aos defeitos são os verdadeiramente felizes. Se ele considera que isso foi criar um monstro: agradeço-o!
Meu amor pelo Libriano me dá dores de cabeça pra caramba, as pessoas se apaixonam muito pelos librianos pela diplomacia e carisma, eu me apaixonei pela liberdade e sinceridade sem máscaras. Ele é chato, me irrita, brigamos e nos amamos ao mesmo tempo. Acho que não teria saco para outro Libriano, mas aguentaria esse por um tempo indeterminado, me vejo aguentando-o.
Ele vê nossa relação como uma obra literária, eu vejo com um cálculo matemático onde independente dos rumos futuros o sigma é felicidade.
Se me perguntar se sou feliz com ele: Só o fato de ser real já anula as dúvidas.
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