"Porquês?"

Depois de tudo nunca tive o que se deve ter para ser alguém feliz, dinheiro. Sempre tive força de vontade e do dever que ninguém jamais observou em outro ser humano, era capaz de passar dias buscando a melhor forma de fazer meu trabalho de ciências pra escola -pública- onde estudei, passava horas olhando ao material que tinha selecionado antes para dar com a forma mais intuitiva e eficaz de montar meu projeto. Uma vez na quarta série do ensino fundamental, tínhamos que fazer um esboço de algum projeto urbanístico público para que fosse mais ecológico e sustentável, usei cartolina, fios soltos como condutores, quatro pequenas luzes, dessas de adornos natalinos, e uma pilha alcalina normal. Criei uma praça onde as luzes eram supostamente abastecidas por energia solar aplica a baterias elétricas e logo pela noite distribuídas por diferentes fases até alcançar toda a praça,, me lembro dos materiais usados pelos colegas de classe, que além de cartolinas caras e isopores usaram até silicone a modo de água fictícia.
O meu projeto era sem duvidas o mais austero de todos, e eu tive medo de seguir adiante a apresentar esse projeto tão medíocre, pensava eu. Mas, tal foi minha surpresa que na hora de apresentar nenhum deles tinham voz, nenhum pode apresentar o seu projeto, somente eu, e o fiz de forma fácil e de compreensão articulada, meus companheiros de classe me aplaudiram e minha professora me colocou nota máxima em questão de apresentação e recursos usados, acontece que por usar poucos materiais eu poluí menos que outros por isso a nota máxima nisso também. Me lembro que senti um semideus desses gregos que tanto se viam na televisão da época.
Alguns colegas nunca mais falaram comigo. E dia trás dia eu pensava no que tinha feito.
Antes de apresentar meu trabalho, me sentia um lixo, com materiais pobres num trabalho tão importante. Senti que não podia fazer nada e que minha nota seria a minima, e mesmo assim tirei forças de onde não as tinha e me levantei do meu acento, com uma vergonha que não podia nem mesmo aguentar a cabeça levantada, mas ainda assim abri minha boca e falei, falei como nunca antes defendendo o que achava que era certo. Desde então me esqueci disso. Até hoje.
Hoje me lembrei disso, me lembrei porque sei que sou capaz de muitas coisas e que ando dormindo na comodidade muito tempo, tempo demais pra mim mesmo. Não estou dizendo que será fácil nem que será rápido só estou dizendo que vou tentar, e vou lutar muito pra conseguir. Tenho uma mente aberta pra tudo em todos os lados e direções e isso pode ser bom, ou não e eu que sei. Não quero nada de ninguém, só preciso do que é meu, e onde esta o meu não sei, mas posso continuar buscando incansavelmente pois é minha vida, e continuarei perdendo o tempo, pois sou desordenado, sou um menino encarcerado.
E com isso quero dizer que somente eu posso dar respostas a todos os meus “porquês” , pois só eu posso mudar ou não minha existência. 







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