Heim?

O que fazer quando não se sabe o final das coisas? Como continuar vivendo num relacionamento que não tem futuro? Como definir o futuro de algo que não se tem?
São perguntas cotidianas na vida de alguém que não está feliz com a situação em que vive, eu mesmo olho desapontado pra mim! Eu poderia mudar a situação em que me encontro, mas sou covarde demais pra isso. É difícil encontrar uma solução simples para problemas complexos de convivência, querer estar em outra relação ou apenas viver livre e não posso, não consigo terminar nada na minha vida, não consigo colocar pontos finais em minhas histórias, assim foi com meus relacionamentos anteriores, meu curso de graduação, meus trabalhos, minha carteira de motorista, Goiás...
Eu sou destrutor, destruo minha própria história, se procurarem por mim jamais encontrarão nada firme, nada que dure anos, nada que tenha sido terminado. As vezes culpo meu nome, que não me pertence, afinal, Geraldo Rocha era meu avô que construiu uma vida inteira, criou filhos próprios e de terceiros, essa parte acredito que ele não sabia, mas que viveu, trabalhou, lutou, existiu e conquistou tanto pra morrer pobre e necessitando. Mas ali, ali acabou sua história.  Penso que com seu nome tendo uma continuação só continuei seu sofrimento, não consigo ver além do nome. Daí também paro e penso, também pode ser trauma de não ter tido uma adolescência como deveria, de descobertas e crises. Meus pais se separam, mesmo se amando, tudo acabou de uma maneira idiota. Preguiça de minha mãe em manter uma relação dificultada pelo que ela dizia ser a mão negra, meu avô paterno e era mesmo. Também as vezes culpo minhas primas que morei com elas, eu um adolescente fruto de um lar sem estrutura tentando fugir da realidade em que estava fui, injustamente, expulso de um convívio familiar ideal, pai que aconselhava, mãe com tempo e avó amorosa, isso na casa das primas em Aparecida de Goiânia. 
Mas isso é como procurar o culpado esquecendo que cada um faz sua própria história, cada um cria seu próprio mundo. Com suas lutas diárias e batalhas internas. Conquistando suas coisas em tudo.
Não gostaria que ninguém se sentisse culpado quando meu fim chegar, parece que se acerca a cada dia. E não vou parar, é como um redemoinho de autodestruição disfarçado de plenitude.  Culpa, afinal o que é isso?
Sinto culpa por nunca ter podido sofrer por amor jovem, por nunca ter roubado pão na casa do João, por não ter bebido todas na festinha da família escondido. Por não ter namorado o filho mais velho e gato do vizinho mesmo sabendo que ao final ele continuaria heterossexual. Sinto culpa por não ter beijado aquela moça linda que vivia me perseguindo por onde ia.
Culpa por não ter aprendido a tocar nenhum instrumento musical, por não saber dirigir, não ter conquistado o coração de uma mulher, por não ter filhos.
É tanta culpa que não cabe nunca em mim, é tanta saudade que hoje em dia nem sinto mais nada, sinto saudade dos amigos que deixei pra trás, do sexo que não pratiquei, das vezes que senti vontade e não aceitei o pedaço de bolo na casa da vizinha, e das vezes que não usei o banheiro por vergonha. Das compras inúteis que poderia ter feito e também das úteis. É tanta culpa.
Sinto saudade da minha mãe não entendo, em minha rasa visão disso, por que ela teve que partir, na realidade entendo e sei todo o porquê. Mas penso e se, se não tivesse ido que tipo de vida teríamos? Seria eu mais completo e mais feliz? Seria ela mais completa e feliz? Minhas irmãs mais próximas e amorosas com a família ou apenas seriamos estranhos uns aos outros como somos hoje em dia?
Minha cabeça diz pra não desistir e meus sentimentos de culpa, saudade, tristeza, rancor mal curado, pesar deixam claro que mesmo que quisesse acabar com tudo agora não conseguiria.  Também existem os sentimentos bons e as sensações que ainda quero sentir na vida. Vida, que vida.

Textão mais sem sentido, sim, eu sei. Mas sabem como é ne? Totalmente sem sentido nunca é. 
(publicado sem edição, texto original sem revisar.)

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