Eu costumava escrever.

Eu costumava escrever. Escrevia, durante horas, sem perder o fio da história
e a meada da linha. Eram histórias, em sua maioria, sobre mim e sobre minhas
vivências pessoais, sem sentido aparente algum para leitores.


Eu era insistente, até conseguir o que queria. Era tenaz, ia atrás do que
queria de modo persistente. Conseguia, nem que fosse à base do grito. E essa
insistência toda, dizia minha mãe, era fruto do sangue dos Rochas, que
vínhamos de uma estirpe diferente de seres humanos, capazes de tudo e
qualquer coisa por suas vontades conquistadas. Ela não estava errada, já
que, tem toda a razão. Acredito que fosse mesmo isso.

Agora, já com meus 26, quase 27 anos de idade, não vejo mais a perspectiva
do "sangue" falando mais alto em minha vida. Sou fruto de escolhas erradas,
sempre erradas que fiz. Eu não sei viver. A minha vida é fruto de buscas sem
encontros, de despedidas sem viagem. A vida, como ela é. Tenho a alma
cansada de mim mesmo. Acredito que não deveria estar no mundo, mas não que
deva morrer. Acredito que nunca deveria ter nascido, é diferente.

Hoje, moro em Porto Alegre, cidade violenta e complicada. Cheia de pessoas
que não se importam com ninguém e de gente que se importa demais. É uma
confusão de sentimentos esse lugar, algo que não se pode entender. Tenho uma
relação infrutífera e fútil, quase descartável, se não fosse a comodidade e
a relutância em acabar algo, que não tem
nenhum sentido ou contexto em minha existência. Agora, sinto saudade da
Europa. Pode se dizer que, às vésperas de uma viagem pra lá, sinto falta de
Goiânia. Acreditem ou não, da segurança que me dava saber que, em Goiânia,
se podia comer a qualquer hora da madrugada, sem medo de ir na esquina
comprar um Subway ou um X-Salada saturado com gorduras que ultrapassariam os
limites totais que aguentam qualquer artéria corporal. É um sentimento
estranho.

As vezes, na madrugada, sinto uma fome estranha, sinto vontade de ir ao Pão
de Açúcar comprar o pão fresco e tomar suco de laranja espremido na hora.
Coisas de goiano do pé rachado que não se acostumou ainda com a violência
que existe em terras sulistas. Mas, aqui, é bom, na forma geral mais caro,
mas bom.  Sinto saudade de tanto, mas de ninguém, minha irmã não consegue
entender como é que eu não sinto saudade das pessoas. Eu vivia rodeado de
gente, em todos os lugares aonde ia, Universidade, Ruas, Parques, Shoppings
sempre tinha gente conhecida, sempre gente querida e que me queria bem, mas
eu espero sempre mais de todos e acabei desprezando isso em meus sentimentos
profundos, é estranho dizer mais não consigo sentimentalizar essas coisas.

Não sei dizer que sinto falta dos amigos, amigo pra mim está presente
sempre, mesmo na distância, quem se manteve comigo mesmo distante será meu
amigo pra sempre, sendo assim, não precisam estar junto sempre, bastam
existir esses amigos. Ou seja, um ou dois no máximo.

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